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A diversificação alimentar

A diversificação alimentar do bebé, ou seja, a oferta de novos alimentos para além do leite materno ou de substituição, representa para os pais um grande desafio. Para uns é um período extremamente gratificante, encarado com muito entusiasmo. No entanto, para outros, pode ser motivo de angústias e preocupações.

De facto, esta é uma etapa muito importante no desenvolvimento do bebé. Mais até do que muitos pais imaginam. Aquilo que a criança come nesta fase e a forma como os alimentos são oferecidos influenciam as suas preferências por determinados alimentos e os seus hábitos alimentares durante a infância e até mesmo mais tarde, na vida adulta.

Existem diversas formas que podem ser consideradas corretas para a introdução de novos alimentos na alimentação do bebé. O que apresentamos nesta secção são algumas das recomendações mais utilizadas em Portugal. Estas devem servir apenas como um guia. Ninguém melhor do que o médico que acompanha o seu bebé para orientar este processo.

O que se espera com a diversificação alimentar?

A diversificação alimentar é uma fase de transição entre a alimentação exclusivamente de leite para a alimentação da família. Espera-se com a diversificação alimentar:

  • Complementar a alimentação láctea numa etapa em que o leite materno ou a fórmula de substituição já não satisfazem todas as necessidades do bebé em termos de nutrientes;
  • Fazer a adaptação do bebé à alimentação à colher;
  • Estimular que o bebé aprenda a engolir e a mastigar alimentos com consistências cada vez mais sólidas; 
  • Fazer a adaptação do bebé ao momento das refeições;
  • Apresentar ao bebé, a pouco e pouco, uma variedade de sabores, consistências e texturas para que ele passe a apreciar uma alimentação variada e possa, mais tarde, comer o mesmo que a família.
Quando iniciar a diversificação alimentar?

A diversificação alimentar do bebé deve ser iniciada o mais próximo possível dos 6 meses. É nesta altura que o leite materno ou o leite de substituição (fórmula) já não chegam para satisfazer as necessidades nutricionais do bebé e é necessário complementar a sua alimentação com outros alimentos

Contudo, é muito comum que a diversificação alimentar seja iniciada antes dos 6 meses de vida. Isso acontece, entre outros motivos, quando os bebés são alimentados com leite de substituição, quando a mãe tem que regressar ao trabalho ou quando os pais acreditam que o leite já não é suficiente para alimentar o bebé.

Alguns sinais são frequentemente apontados como indicativos de que o leite já não é suficiente para alimentar o bebé:

  • O bebé acorda para mamar durante a noite quando já não o fazia;
  • O bebé demonstra não estar satisfeito após as mamadas; 
  • O bebé quer mamar com maior frequência;
  • O bebé leva objetos à boca.

Nem sempre estes sinais indicam que o bebé precisa de outros alimentos. As necessidades do bebé até por volta dos 6 meses podem ser satisfeitas somente com o leite. Será apenas necessário um período de adaptação para o aumento da produção do leite materno ou ajustar as quantidades de leite de substituição oferecidas.

A partir dos 4 meses de vida o organismo do bebé já começa a ser capaz de fazer a digestão de outros alimentos que não o leite e de eliminar o excesso de alguns nutrientes que uma alimentação mais diversificada pode conter. Mas é por volta dos 6 meses que o bebé está mais preparado para a diversificação alimentar, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento motor: já pode fica sentado e encerrar os lábios, evitando que o alimento saia da boca. Por volta dos 7 meses poderá ser ainda capaz de coordenar o movimento das mãos com os olhos e fazer a posição de pinça com os dedos, levando alimentos à boca. É também nesta altura que começa a ser capaz de mastigar.

Se o bebé estiver preparado para a diversificação alimentar, é mais provável que tudo corra bem desde o início. Se não estiver preparado pode, entre outros problemas, rejeitar a alimentação à colher fazendo das refeições momentos de frustração e stresse para ambos. Assim, sempre que possível, o melhor é seguir a regra dos 6 meses e esperar até esta altura para iniciar a diversificação alimentar do bebé.

Mas, como cada caso é um caso, converse com o médico do seu bebé para tirar as suas dúvidas e decidir acerca das soluções mais adequadas para a vossa situação. Tenha somente em conta que a diversificação alimentar não deve ser iniciada antes das 17 semanas, nem adiada para além das 26 semanas de vida do bebé.

Dica…

Por volta dos 6 meses, observar os sinais do seu bebé pode ser uma excelente estratégia para definir o momento mais adequado para iniciar a diversificação alimentar.

O seu bebé estará pronto para a diversificação alimentar quando:

  • conseguir ficar sentado com apoio, com um bom controlo da cabeça;
  • demonstrar interesse pela comida, tentando alcançar, salivando ou abrindo a boca quando vê algum alimento;
  • ainda demonstrar fome constantemente, mesmo depois de tentar amamentar com mais frequência ou aumentar as quantidades de leite oferecidas no biberão;
  • conseguir retirar os alimentos de uma colher e engoli-los, mesmo que nas primeiras refeições estes alimentos tenham que ter uma consistência mais líquida.
Como introduzir os novos alimentos e refeições na alimentação do bebé a partir dos 6 meses?

Se optou por iniciar a diversificação alimentar do seu bebé antes dos 6 meses, continue a introduzir os novos alimentos de acordo com as recomendações que se seguem no tema “Que outros alimentos introduzir entre os 6 meses e os 9 meses?”

Se optou por iniciar a diversificação alimentar aos 6 meses, pode começar pela papa de cereais com glúten ou o puré de legumes. Cada vez mais tem sido recomendado que a diversificação alimentar se inicie com o puré de legumes, para que o bebé se habitue a paladares que não sejam doces.

Cada alimento novo deve ser oferecido por 4 ou 5 dias, juntamente com alimentos já conhecidos pelo bebé. Espera-se com isso que o bebé se habitue ao novo paladar e que seja mais fácil identificar o alimento responsável no caso de alergia ou intolerância.

É também importante optar pelo período do dia para oferecer os novos alimentos. Assim, se o seu bebé não tolerar bem determinado alimento terá o resto do dia para recuperar e será mais fácil para si perceber os sinais.

Portanto, introduza uma a uma as seguintes preparações tendo o cuidado de oferecer apenas um alimento novo de cada vez:

  • Papa de cereais

Atualmente recomenda-se que o glúten, uma proteína presente no trigo, cevada, aveia e centeio, seja introduzido a partir dos 4 meses e antes dos 7 meses. Assim, a papa de cereais poderá conter glúten desde o início da diversificação alimentar. De qualquer forma, a última palavra deverá ser sempre a do médico que acompanha o seu bebé.

  • Puré de frutas cruas ou cozidas

Normalmente, inicia-se com a banana, a maçã e a pera, para depois introduzir as demais frutas.

  • Puré de legumes simples (Somente com um pouco de água e um fio de azeite no fim).

Normalmente, inicia-se com a batata, a cenoura e a abóbora. Após os dias necessários para adaptação, podem ser acrescentados, um a um, outros vegetais ao puré.

Procure fazer a adaptação do puré de legumes de forma a chegar a uma combinação de cerca de 4 ou 5 vegetais de diferentes cores. Por exemplo: batata, abóbora, brócolos e alho francês ou cenoura, curgete, cebola e salsa.

É aconselhável que se deixe para mais próximo dos 12 meses o espinafre, o nabo, a nabiça, o aipo, o tomate, a beterraba e a couve roxa.

Que outros alimentos introduzir entre os 6 meses e os 9 meses?

Carne e peixe

Aos 6 meses recomenda-se a introdução da carne e do peixe na alimentação do bebé. Deve fazer esta introdução o quanto antes pois nesta etapa o seu bebé necessita do ferro presente nas carnes e no peixe.

Relativamente às carnes, normalmente inicia-se com as mais magras, como frango, peru e coelho. Após a adaptação às carnes magras, pode passar a usar também as partes mais magras das carnes de vaca, borrego e vitela. Nesta fase, costuma-se evitar a carne de porco.

Quanto aos peixes, é comum que se recomende nesta fase peixes menores como a dourada, o linguado, a faneca, a pescada e a solha. Não dê ao seu bebé fígado de peixe, nem peixes grandes de águas profundas como cação, tubarão, espadarte, peixe-espada e atum (atum fresco ou congelado), pois podem conter concentrações elevadas de mercúrio. De uma forma geral, quanto mais antigo e maior for o peixe, maior será o seu conteúdo de mercúrio. O mercúrio é tóxico, principalmente para crianças em pleno desenvolvimento.

O salmão, devido ao seu elevado teor de gordura, pode ser difícil de digerir, pelo que se recomenda a sua introdução apenas aos 10 meses.

Após o período de adaptação, organize a alimentação do seu bebé de forma a oferecer carne em 8 refeições por semana e peixe em 6 refeições por semana.

Iogurte feito com leite adaptado

Muitos médicos optam por deixar para mais tarde a introdução do iogurte feito com leite de vaca e todos os lacticínios. Principalmente se houver história de alergias na família do bebé. É comum aconselharem para esta etapa a utilização do iogurte feito com leite adaptado para bebés. Infelizmente estes iogurtes contêm açúcar. Assim, o melhor pode ser esperar para oferecer o iogurte natural sem açúcar. Se optar por oferecer iogurte feito com leite adaptado, pode fazê-lo 2 ou 3 vezes por semana, alternando-se com a papa de cereais ou a substituir uma refeição de leite.

Hortícolas e frutas

Quanto aos hortícolas e frutas, pode introduzir a maioria e deixar para mais tarde apenas:

  • o espinafre, o nabo, a nabiça, o aipo, o tomate, a beterraba e a couve roxa.
  • a laranja, a clementina, a toranja, o limão, a lima, a amora, o abacaxi, o ananás, o kiwi, o maracujá  e os morangos.

Papa de cereais

Nesta etapa a papa de cereais já deve conter glúten, uma vez que o glúten deve ser introduzido depois dos 4 meses e antes dos 7 meses. 

O esquema abaixo pode ajudar a compreender melhor as regras para a introdução de alimentos na diversificação alimentar que se inicia aos 6 meses. Observe que os novos alimentos introduzidos estão em destaque e que o período de adaptação usado foi de 4 dias. Este é somente um exemplo e deve adaptá-lo à vossa realidade e aos conselhos do médico do bebé.

Exemplo de esquema de introdução de alimentos na diversificação alimentar que se inicia aos 6 meses de vida do bebé

DIAS REFEIÇÕES À COLHER*
1º ao 4º Almoço: Puré de batata e cenoura +Puré de maçã
5º ao 8º Almoço: Papa de cereais com glúten Jantar: Puré de batata e cenoura + Puré de maçã
9º ao 12º Almoço: Puré de batata, cenoura e frango + Puré de maçã Jantar: Papa de cereais com glúten
13º ao 16º Almoço: Puré de batata, abóbora e frango + Puré de maçã Jantar: Papa de cereais com glúten
17º ao 20º Almoço: Puré de batata, cenoura e frango + Puré de banana Jantar: Papa de cereais com glúten
21º ao 24º Almoço: Puré de batata, abóbora, alface e frango +Puré de maçã Jantar: Papa de cereais com glúten
25º ao 28º Pequeno-almoço: Papa de cereais com glúten Almoço Puré de batata, cenoura, alface e peixe + Puré de banana Jantar: Puré de batata, abóbora, alface e frango + Puré de maçã
…. Assim por diante, até chegar aos 9 meses…

* Demais refeições de leite materno ou fórmula indicada pelo médico. O leite de vaca não é recomendado nesta fase.

Sabia que…

Os hortícolas e frutas da época da produção nacional são mais saborosos e contêm menos pesticidas e outros químicos do que aqueles de estufa ou que têm de viajar longas distâncias para chegar até à sua mesa?

Além disso são mais baratos. Prefira o que é português!

Como continuar a diversificação alimentar a partir dos 9 meses?

Continue a oferecer um alimento novo a cada 4 ou 5 dias.

Gema de ovo

Após os 9 meses já pode oferecer a gema do ovo ao seu bebé. A gema deve substituir uma refeição de carne. Pode começar por oferecer meia gema, uma vez por semana, durante duas a três semanas. Depois passar a uma gema, uma vez por semana, durante duas ou três semanas. Após este período pode oferecer uma gema, duas ou três vezes por semana.

Massinha, arroz e açorda

É também nesta etapa que pode introduzir a massinha, o arroz e a açorda. Sempre bem cozidos.

Hortícolas e frutas

Muitos médicos já aconselham nesta fase o consumo da maioria das frutas e hortícolas.

Iogurte e queijos

Nesta etapa é possível que o médico aconselhe a oferta de iogurte
natural não açucarado e de queijo fresco feito com leite pasteurizado.

Leguminosas

Alguns profissionais de saúde aconselham a partir dos 9 a 11 meses o consumo de leguminosas, como o feijão-frade, o feijão branco, o feijão preto e a lentilha. É necessário demolhá-las bem, oferecer pequenas quantidades e amassá-las, para evitar que o seu bebé se engasgue. No caso de bebés com dieta vegetariana, a introdução das leguminosas poderá ser recomendada mais cedo.

Portanto, as refeições do bebé poderão ser organizadas assim:

Exemplo de ementa para o bebé dos 9 aos 12 meses de vida: 5 ou 6 refeições

REFEIÇÃO EXEMPLO DE EMENTA
Pequeno-almoço

Papa de cereais
Lanche da manhã

Leite materno ou fórmula indicada pelo médico OU Iogurte
Atenção! Esta refeição pode não ser necessária.
Almoço

Puré de legumes com carne ou peixe
+
Fruta à colher ou com as mãos
Lanche da tarde

Leite materno ou fórmula indicada pelo médico OU Iogurte
+
Fruta, pão ou bolacha para o bebé comer com as mãos   
Jantar

Puré de legumes
+
Segundo prato de arroz ou batata ou batata-doce ou massinha ou açorda simples com carne ou peixe ou gema de ovo e hortícolas
+
Fruta à colher ou com as mãos
 
Obs.: É importante servir os vegetais também no segundo prato, para
que o bebé não se habitue a aceitá-los somente na sopa. Podem ser
servidos amassados, em pedaços pequenos ou, quando macios, podem ser
oferecidos em tiras para o bebé comer com as mãos. 
Antes de deitar

Leite materno ou fórmula recomendada pelo médico
Atenção! Esta refeição pode não ser necessária.

Tenha em conta que este é somente um exemplo. Pode variar as refeições como for mais conveniente. O tipo de pequeno-almoço pode variar, por exemplo, com o lanche da tarde. Já o almoço pode variar com o jantar. As combinações e receitas podem e devem variar conforme a imaginação e o tempo permitirem.

Sabia que…

Variar a alimentação é também importante para evitar consumir substâncias nocivas em quantidades capazes de prejudicar a saúde?

Quase todos os alimentos contêm substâncias que fazem mal à saúde se forem consumidas em excesso. São exemplos destas substâncias: pesticidas, antibióticos, mercúrio, hormonas, gorduras más, entre outras. Se o seu bebé come sempre os mesmos alimentos, poderá consumir determinadas substâncias em quantidades capazes de fazer mal à saúde.

Outras recomendações importantes sobre a diversificação alimentar

  1. Não utilize sal, açúcar e mel na alimentação do seu bebé. Os bebés já apreciam naturalmente o paladar doce e o salgado e devem aprender a apreciar os paladares naturais dos alimentos. A utilização de sal na alimentação do bebé tem sido associada à tensão alta na vida adulta e, por isso, recomenda-se que a sua introdução seja feita somente depois de 1 ano de vida. O açúcar favorece o excesso de peso e o aparecimento de cáries dentárias. O mel nesta fase pode causar uma doença grave chamada botulismo e só pode ser utilizado se passar por um tratamento especial, que é o caso do mel utilizado pela indústria como ingredientes de papas de cereais e boiões.

2. Não ofereça sumos, chás ou bebidas adocicadas ao seu bebé. Os bebés já nascem com a preferência pelo paladar doce e esta preferência deve ser contrariada e não incentivada. Muitos bebés habituados desde cedo aos sumos de fruta, mesmo que naturais e sem açúcar, acabam por rejeitar a água e querer sempre sumo. A água deve ser a bebida de eleição para satisfazer a sede. A partir do momento que se inicia a diversificação alimentar deve começar a oferecer água para o seu bebé várias vezes ao dia. Aos 6 meses já deve começar a utilizar um copo de transição para este fim.

3.Tenha muita atenção aos produtos processados à venda nos supermercados, como as papas e os boiões. Estes podem conter sal, açúcar, conservantes, corantes e outros ingredientes indesejáveis. Nestes produtos são também utilizados alguns substitutos do açúcar que têm efeito semelhante ao do açúcar. É o caso do sumo de uva ou de maçã concentrado e do mel, utilizados para adoçar boiões de fruta. Além disso, as quantidades presentes nos boiões ou recomendadas nas embalagens podem ser exageradas para o seu bebé.

Prefira, sempre que possível, as refeições preparadas em casa. Se o tempo para preparar as refeições for pouco, pode optar por hortícolas congelados ou já limpos e preparados. Pode também congelar diversas porções dos purés de legumes que preparar em casa.

Utilize os boiões somente em casos de necessidade, escolhendo os produtos com melhor composição. Saiba como com as nossas “Dicas para ir às compras”

4. Se o seu bebé já está na creche ou aos cuidados de outra pessoa durante o dia, certifique-se de que as orientações para uma diversificação alimentar saudável estão a ser cumpridas. Procure fazer uma adaptação das ementas para que a alimentação do seu bebé não fique repetitiva e seja o mais saudável e variada possível.

5. Ficam para depois de 1 ano de idade ou a critério médico:

  • clara do ovo (pode ser aconselhada a partir dos 11 meses e pode adiada para os 24 meses em caso de bebés alérgicos);
  • leite de vaca;
  • leguminosas, como feijões, lentilhas, soja, grão, favas e ervilhas (podem ser aconselhadas entre os 9 e os 11 meses);
  • espinafre, nabo,  nabiça, aipo tomate, beterraba e couve roxa.
  • amora, kiwi, maracujá  e morango;
  • mariscos,
  • carne de porco,
  • laticínios, como iogurtes e queijos (o iogurte e o queijo fresco ou o
    requeijão feitos com leite pasteurizado podem ser aconselhados a partir
    dos 9 meses).

6. Os frutos secos, como nozes, amêndoas, amendoins, pinhões, cajus, avelãs e passas e as pipocas, só devem ser oferecidos às crianças a partir dos 4 anos de idade, pois podem ser aspirados ou provocar engasgamentos graves. Até esta idade os caramelos e rebuçados podem ser igualmente perigosos.

Para evitar riscos, não deixe de consultar ainda as informações sobre os alimentos e as consistências adequadas para cada etapa da vida do bebé.

Qual deve ser a consistência dos alimentos em cada fase?

Desde que se inicia a diversificação alimentar até ao momento em que o bebé começa a comer as refeições da família, a alimentação do bebé à colher deve passar de uma consistência semilíquida ou cremosa, aveludada e sem grumos até chegar a uma consistência mais sólida, com os alimentos em pequenos pedaços ou amassados. Esta evolução é importante para que o bebé aprenda a mastigar e a aceitar as diferentes texturas dos alimentos. Se isso não acontece até aos 10 meses, mais tarde será muito mais difícil.

Quando a diversificação alimentar se inicia aos 6 meses, os primeiros alimentos oferecidos ao bebé (papa, puré de fruta ou puré de legumes) devem ter uma consistência cremosa, aveludada e sem grumos, para que o bebé não se engasgue e aprenda a engolir a partir da colher. Para alguns bebés pode ser necessário oferecer os alimentos com uma consistência mais líquida durante as primeiras refeições.

Dependendo do desenvolvimento do bebé, por volta dos 6 ou 7 meses, deve começar a oferecer o puré de legumes e o puré de frutas com uma consistência mais grossa, com pequenos grumos.

Entre os 8 e os 9 meses, o bebé já consegue comer os alimentos bem cozidos e amassados ou em pedaços muito pequeninos, menores que uma ervilha.

Nesta etapa deve começar a incentivar o seu bebé a comer sozinho, com uma colher ou com as mãos. Proteja a roupa do bebé e o chão para não se importar com a sujidade. Para além dos alimentos partidos em pedaços bem pequeninos, ofereça ao seu bebé alimentos que ele possa agarrar com as mãos e levar à boca, como:

  • tiras de frutas bem macias ou cozidas como manga, pêssego,  papaia, maçã cozida e pera
  • tiras de legumes cozidos como batata, chuchu, curgete ou cenoura
  • “árvores” de brócolos cozidos
  • bolachas simples, tipo Maria ou para bebés, que se dissolvam na boca
  • pedaços de queijos macios, como queijo fresco e requeijão feitos com
    leite pasteurizado. Desde que o médico do seu bebé permita o consumo de
    queijos nesta fase.

Isso é importante para o desenvolvimento da coordenação motora do bebé, para incentivá-lo a comer sozinho e para estimular a mastigação. Mas lembre-se que o seu bebé ainda não tem dentes suficientes para mastigar. Estes alimentos devem ser macios para que o bebé consiga desfazê-los com as gengivas ou devem dissolver facilmente na boca, para que o bebé não se engasgue.

Nunca deixe o seu bebé sozinho enquanto come! Um pedaço de alimento que fique agarrado na garganta do bebé pode sufocá-lo.

Evite habituar o seu bebé a comer somente bolachas. Esta é a melhor altura para habituá-lo a alimentos mais saudáveis.

Dica…

Cada bebé é um bebé. Alguns bebés são mais sensíveis e engasgam-se mais facilmente. Não tenha pressa e respeite o desenvolvimento e o ritmo do seu bebé para habituá-lo às diferentes consistências e texturas dos alimentos durante a diversificação alimentar.

Como preparar as refeições?

As papas de cereais devem ser preparadas de acordo com as instruções da embalagem e devem ser bem dissolvidas e misturadas. Tenha em atenção que há papas que devem ser preparadas com o leite materno ou o leite utilizado pelo bebé e outras que devem ser preparadas com água. Se for necessário, nas primeiras refeições, pode-se utilizar um pouco menos de pó para que a papa fique menos espessa.

Nem sempre é necessário preparar toda a quantidade de papa sugerida na embalagem. Dependendo da quantidade que o bebé come, pode fazer, por exemplo, metade da receita.

Os purés de legumes podem ser preparados com os vegetais cozidos a vapor ou numa panela com uma pequena quantidade de água. Depois devem ser passados com um robot, com uma varinha mágica ou no passe-vite ou, simplesmente, amassados, quando o bebé já estiver desenvolvido o suficiente para isso. No caso dos vegetais cozidos a vapor vai ser necessário acrescentar um pouco da água utilizada para fazer o vapor antes de passá-los ou amassá-los. Antes de servir, acrescente um fio de azeite ao puré.

As frutas podem ser bem amassadas, passadas ou, quando mais rijas, cozidas em uma pequena quantidade de água e reduzidas a puré.

E quanto à carne e ao peixe?

A carne e o peixe podem ser cozinhados juntamente com o puré de legumes, nas quantidades indicadas para cada refeição. A partir dos 8 ou 9 meses, também podem ser cozinhados em água, grelhados, guisados ou estufados para serem oferecidos à parte, como segundo prato.

Que quantidade de alimentos o meu bebé deve comer?

Até por volta dos 12 meses, o leite materno ou de substituição ainda será a maior fonte de nutrientes da alimentação do seu bebé. Os novos alimentos devem ser oferecidos em quantidades que vão aumentar de uma ou duas colheres de sopa a algumas colheres de sopa, de acordo com a aceitação e o apetite do bebé.

Aprenda a reconhecer os sinais de fome e de saciedade do seu bebé e respeite o seu apetite. Se ele decidir largar a mama, parar de beber o biberão ou demonstrar que está satisfeito em qualquer refeição, não insista. Por outro lado, se o bebé demonstrar que quer mais, ofereça mais um pouco.

Só deve haver motivo para preocupação quando o bebé não come de todo, não aumenta de peso de forma consistente ou está a ganhar peso exageradamente.

Que quantidades de alimentos devo oferecer em cada fase?

O mais importante é seguir o apetite do seu bebé. Contudo, é necessário ter o cuidado de oferecer porções de alimentos adequadas à sua idade. A quantidade de alimentos oferecida pode influenciar a quantidade que o bebé come.

A necessidade de alimentos por refeição vai variar muito de bebé para bebé, do momento e dos alimentos oferecidos. Não é suposto que o seu bebé coma uma quantidade determinada ou as mesmas quantidades de alimentos em todas as refeições. O apetite do bebé pode variar de dia para dia e, por volta dos 9 aos 12 meses, pode mesmo acontecer uma redução do seu apetite devido à diminuição do ritmo de crescimento. Utilize as informações abaixo apenas como um guia.

Porções dos alimentos por refeição dos 6 aos 9 meses

  • Papa de cereais – 45 a 180 ml
  • Puré de frutas – 30 a 60 ml
  • Puré de legumes – 45 a 180 ml
  • Carne ou peixe – 10g (Triturados com o puré de legumes)

Observações:

  • Cada colher de sopa tem cerca de 15 ml
  • Após serem introduzidas as 3 refeições à colher, deve assegurar que o seu bebé consome de 500 a 600 ml de leite por dia. 1 iogurte de 125 g = 150 ml de leite

Porções dos alimentos por refeição dos 9 aos 12 meses

  • Papa de cereais – 90 a 180 ml   
  • Pão – Meia fatia a uma fatia
  • Bolacha simples – 1 a 2 unidades
  • Arroz, massinha, batata, batata-doce ou açorda – 1 colher de sopa
  • Fruta – uma porção do tamanho da mão do bebé fechada
  • Sopa ou puré de legumes – 90 a 180 ml por refeição
  • Legumes – 1 colher de sopa
  • Carne, peixe ou gema de ovo – 15g a 20g de carne ou peixe ou meia (1/2) a 1 gema de ovo

Observações:

  • Cada colher de sopa tem cerca de 15 ml
  • É muito importante que o bebé se habitue também a comer vegetais fora da sopa.
  • Deve assegurar que o seu bebé consome entre 500 e 600 ml de leite por dia

1 iogurte de 125 g = 150 ml de leite

  • Utilize pratos próprios para crianças ou pratos de sobremesa
    para servir o segundo prato. Assim, não se tem a noção errada de que o
    bebé está a comer pouco.

Sabia que…

Um ganho de peso muito rápido durante o primeiro ano de vida pode aumentar a tendência do bebé para ser obeso durante a infância?

Tenha o cuidado para não exagerar na quantidade de alimentos oferecidos ao seu bebé. Procure conhecer e respeitar os seus sinais de fome e de que está satisfeito e siga as orientações para uma alimentação saudável.