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Antes, durante e após o nascimento

Durante a gravidez: dúvidas e preocupações

É, actualmente, muito claro que o aleitamento materno é uma capacidade que se aprende, vulnerável a experiências negativas, desconhecimento ou falta de apoio. O aconselhamento em amamentação deverá ser parte importante do seguimento pré natal, já que as dúvidas, as preocupações e as ansiedades são normais.

Ao longo da sua gravidez, inúmeras dúvidas lhe poderão ocorrer no que respeita ao aleitamento materno. Quanto mais próximo da data de parto maiores e mais frequentes serão essas preocupações e essas dúvidas. Você poderá perguntar-se se irá realmente ser capaz de amamentar, o que irá fazer quando voltar para o emprego, se irá ter leite ou se o leite será bom. Pode ficar angustiada com o que irá acontecer e o que deverá fazer quando o seu filho nascer. É normal que pense em todas estas questões e ainda outras, o que só mostra a sua vontade de amamentar e de ter sucesso. O facto de pensar nelas e se informar previamente já é um passo relevante para que venha a correr melhor ou, pelo menos, estar mais preparada para os problemas e as dificuldades que possam surgir. Procure apoio e ajuda junto dos profissionais de saúde (médicos, enfermeiros), de grupos de apoio ou de amigas que tenham dado de mamar. Informe-se em livros, encontros, em sítios na Internet, como este. Converse com o seu companheiro e a sua família e observe mães a amamentar. Poderá também encontrar aqui, de forma sucinta, a resposta à maioria das questões que lhe podem ocorrer.

Apenas algumas noções úteis durante a gravidez:

Se você ou o seu companheiro padecem de alergias (asma, eczema, febre dos fenos) poderá ser útil evitar alimentos que possam provocar alergias no bebé. Porém o aleitamento materno exclusivo é muito importante para evitar ou diminuir a gravidade destas alergias; A aprendizagem da técnica de extracção manual de leite poderá ser útil, e irá aumentar a sua confiança, após o parto, quando necessitar de a usar.


Durante a gravidez: cuidados com as mamas e mamilos

O tamanho, a forma ou a simetria das mamas antes da gravidez têm pouco a ver com a capacidade de amamentar. A maior contribuição para a variação de tamanho das mamas é da gordura que rodeia o tecido mamário mas não tem qualquer papel na produção de leite. Com o decorrer da gravidez as suas mamas irão sofrer alterações, ficando maiores e mais pesadas. A área à volta do mamilo (aréola) ficará mais escura e mais sensível, como consequência da preparação para a produção de leite. Algumas mulheres poderão apresentar uma pele mais sensível, o que não tem importância para o aleitamento materno, e irá resolver-se espontaneamente nas primeiras semanas após o parto. O crescimento das mamas durante a gravidez é um bom indicador de que se estão a preparar para produzir leite

Não é necessário fazer nada de especial para preparar as suas mamas para a amamentação, tal como massagens com cremes, fricções ou expressão de colostro, nem é necessário “endurecer” os mamilos. Lave os seus seios com água sem sabão (para não remover os óleos naturais da sua pele), durante a sua higiene diária. Utilize um soutien confortável, não apertado.

Algumas vezes os mamilos podem ser pequenos (mamilos rasos) ou até parecerem “puxados” para dentro (mamilos invertidos) parecendo não terem tamanho para o bebé poder mamar bem, para fazer uma boa pega. Na maior parte das vezes, estas configurações não acarretam problemas para o bebé mamar (o bebé mama no peito não no mamilo), podendo apenas e esporadicamente dificultar nos primeiros dias. Também não existe evidência das vantagens de qualquer preparação ou manipulação pré natal dos mamilos. Os implantes de silicone não impedem ou interferem com o aleitamento materno e não têm impacto no bebé. Igualmente, no caso de redução mamária, a maior parte das mulheres consegue amamentar. No entanto, é possível que nos primeiros dias após o parto seja necessário ajuda devido a alguma dificuldade de produção de leite. Neste caso, deverá dar de mamar de forma frequente, sem restrições e horários, de forma a aumentar a quantidade de leite, evitando leites artificiais que impedirão uma maior estimulação das mamas.

Em resumo:

  • Amamente logo após o parto;
  • Enquanto se encontrar internada, após o parto, solicite o alojamento conjunto, para poder dar de mamar frequentemente e ter mais contacto com o seu filho;
  • Aprenda a ler os sinais do seu filho, particularmente a reconhecer os sinais de fome;
  • Peça que não dêem ao seu bebé chupetas ou biberões, sem sua autorização;
  • Tenha confiança de que o seu leite aumentará nos primeiros dias de vida;
  • Procure ter poucas visitas na maternidade e nos primeiros dias em casa, para ter tempo para si, para o seu filho e para dar de mamar;
  • Procure identificar a quem recorrer depois de ir para casa;
  • Tenha uma bomba para retirar leite, para as várias situações em que serão úteis e procure aprender a usá-la;
  • Tenha em conta que dar de mamar aprende-se e por isso é preciso dar tempo.

Logo após o parto

As recomendações actuais apontam no sentido do início o mais precoce possível do aleitamento materno. A Organização Mundial de Saúde aconselha que o bebé seja colocado ao peito na primeira meia hora de vida.

O contacto precoce, pele com pele, logo após o nascimento permite acalmar o bebé, estabilizar a respiração e mantê-lo quente. O bebé não é separado da mãe, sendo colocado em cima do seu corpo, sem roupa (apenas com uma fralda), e é-lhe dado tempo, o que permite que se movimente na direcção da mama da mãe, procure a aréola e inicie espontaneamente uma mamada.

O início precoce da amamentação é benéfico para o bebé, para a mãe e para o estabelecimento com sucesso do aleitamento materno, ajuda a mãe a ter mais confiança para dar de mamar, o bebé recebe os benefícios imunológicos do colostro e a sua digestão e função intestinal são estimuladas. Mamar adequadamente nesta altura ajuda a diminuir as dificuldades futuras e torna a amamentação mais fácil. O relacionamento e o contacto da mãe com o filho são facilitados. Se, pelo contrário, o bebé não for colocado ao peito logo após o nascimento, acaba por adormecer, dificultando o estabelecimento com sucesso do aleitamento materno. Nas primeiras duas horas de vida existe um estado de alerta, em que o bebé fica desperto, calmo, de olhos abertos, atento aos sons e movimentos sendo o período em que o instinto de mamar é mais forte.

A quantidade de leite que o bebé mama é pequena. Este leite é um líquido espesso, amarelado ou alaranjado, chamado colostro, rico em factores protectores de infecções, contendo todos os nutrientes necessários, e que também é melhor para o intestino e para o estômago do bebé (o bebé faz cocó com mais facilidade). É importante aprender a reconhecer o comportamento do bebé, particularmente os sinais de fome, e amamentar quando ele o solicitar. Ao dar de mamar deve sentir-se confortável e, se tal for necessário, deve pedir ajuda. Dê de mamar sem restrições do número e da quantidade de mamadas. Não se preocupe com horários e amamente quando o bebé mostrar vontade de o fazer.

Em raras situações os bebés não querem ou não conseguem mamar. Se o seu bebé não procura, não pega ou não suga na primeira hora de vida, pode fazer o seguinte:

  • Retirar um pouco de colostro e colocar na sua boca ?para provar?
  • Estimular suavemente o bebé, tocando nos seus pés e barriga, para o acordar
  • Dar um dedo para ele mamar

Se mesmo assim não for possível, deve extrair o colostro e oferecê-lo ao bebé até este pegar e mamar bem.

Se não conseguir dar de mamar logo após o parto não quer dizer que não o consiga vir a fazer, só que é provável que venha a encontrar maiores dificuldades.

As primeiras 24 horas  

No primeiro dia a quantidade de colostro que o seu bebé mama é muito pequena, mas tem tudo o que o bebé precisa. Deve amamentar sem restrição, de dia e de noite, já que este é um factor importante no estabelecimento do aleitamento materno com sucesso. Nas primeiras semanas a produção de prolactina é estimulada pelo aleitamento sem restrições e resulta numa melhor produção de leite. Observe o comportamento do seu bebé e dê de mamar quando ele pedir, pois ele mamará em função das suas necessidades.  

É normal os bebés perderem peso nos primeiros dias de vida, não significando qualquer problema com a amamentação. A recuperação do peso de nascimento será feita até aos 10-15 dias de vida.  

Deverá deixar mamar até ao fim na primeira mama antes de oferecer a segunda. Ambas as mamas deverão ser oferecidas em cada mamada, e o bebé mamará, ou não, na segunda, em função do seu apetite. Com um posicionamento correcto do bebé e amamentação sem restrições, as mamas não ficarão duras e tensas (ingurgitadas), ou ficarão apenas por um pequeno período, o que evitará desconforto ou dificuldades acrescidas de pega. Se os seios ficarem duros ou inflamados, extraia um pouco de leite, manualmente ou com bomba, antes do bebé mamar, para tornar mais mole a área à volta do mamilo. Entre as mamadas, compressas com gelo ajudam a aliviar e reduzir a inflamação. Amamentar não deve doer. Se doer peça ajuda a uma pessoa experiente para tentar perceber o que poderá não estar bem.

Os bebés são todos diferentes e apresentam comportamentos diferentes. Alguns mamam pouco desde o início: após o seu estado de alerta nas primeiras horas de vida, caem num período de sonolência prolongada, mamando pouco nas primeiras 24 horas. Embora não se saiba bem porque isto acontece, é um comportamento completamente normal, não devendo criar preocupação. Se o bebé já tiver mamado pelo menos uma vez, não existe qualquer perigo por estar várias horas sem mamar, não havendo necessidade de acordar o bebé durante a noite. Após este período, a maior parte dos bebés recupera deste estado inicial de sonolência e quererá mamar muitas vezes por dia até à descida do leite. Isto, embora possa ser cansativo, é completamente normal e significa apenas, desde que não haja uma má pega, que o bebé está a estimular a produção de leite para as suas necessidades e, desta forma, a diminuir a probabilidade de ingurgitamento. Recorde que o aleitamento materno se aprende e que tem que dar tempo para que você e o seu bebé o façam.

A alta do hospital (ir para casa)

O dia de alta do hospital é um grande dia. Finalmente em casa com a sua família e o seu bebé. A tentação de visitas e comemorações é grande, mas evite agitação e multidões. Você vai precisar de tempo para si e o seu filho. Nas primeiras semanas o mais importante é habituar-se às novas exigências e rotinas, conhecer a sua nova família e adaptar-se a ela. Estando muito ocupada não é possível descansar, alimentar-se bem e ter tempo para amamentar.

Aquando da sua saída da maternidade, deve sentir-se confiante no que respeita à amamentação, e para que isso seja possível deverá entender:

  • Porque é importante o aleitamento materno a pedido;
  • Reconhecer os sinais de fome do bebé;
  • Como posicionar correctamente e conseguir uma boa pega;
  • Porque deve evitar leites artificiais;
  • Porque deve evitar chupetas e biberões.

Além disso, deve informar-se sobre a ajuda que poderá obter após a alta:

  • A quem pode recorrer;
  • Por que meio o pode fazer (telefone, pessoalmente, etc.);
  • Quando o pode fazer;
  • Que tipo de ajuda pode obter.

Os primeiros dias em casa

Acabou de ter um filho e está muito motivada para dar de mamar. Isso não quer dizer que não se vá deparar com problemas mais ou menos importantes, mais ou menos fáceis de resolver. Vai precisar de uma grande disponibilidade para si e para o seu bebé, assim como vai precisar de tempo para amamentar frequentemente e, por vezes, demoradamente. Procure ter poucas visitas e descansar adequadamente, mesmo que para isso algumas tarefas não sejam realizadas. Uma boa estratégia consiste em dormir sempre que o bebé o faça, porque para ele não existe diferença entre dia e noite e vai querer mamar a qualquer hora. Coloque o berço ao seu lado no quarto, de forma a conseguir confortar e tratar do bebé sem ter que se deslocar.  

A subida do leite acontece, na maioria das mães, por volta das 48 horas, mas pode acontecer alguns dias mais tarde. Este atraso na subida do leite pode dar-lhe a noção de que não tem leite e a tentação de recorrer a leites artificiais. Evite os biberões e procure dar de mamar frequentemente, acordando o bebé de vez em quando se este se mostrar muito sonolento.  

Não utilize chupetas nas primeiras semanas de vida, enquanto o aleitamento materno não estiver bem estabelecido. A forma de mamar é diferente na mama e no biberão, provocando a chamada “confusão dos mamilos” que cria dificuldades ao bebé levando a lesão dos mamilos com gretas e maceração, e ainda diminuindo a produção de leite. Não dê água ao bebé, mesmo com tempo quente, ou sumos ou leites artificiais. O leite materno é tudo o que ele precisa, já que a sua composição se adapta às suas necessidades.

O comportamento dos bebés é muito variável. Existem bebés mais calmos, mais adormecidos ou, por outro lado, mais nervosos. Terá que adaptar-se ao comportamento do seu filho acordando-o se for muito sonolento, ou confortando-o se for mais agitado. Não tenha receio de dar colo e confortar o bebé, porque não é verdade que “se habitue”.

A existência de escassa produção de leite é mais frequentemente provocada por dificuldades associadas à técnica da amamentação, como o posicionamento do bebé e a pega. Tente perceber o que poderá estar mal, mas o mais sensato parecer ser procurar ajuda de alguém com experiência em aleitamento materno. Se não corrige o que está mal pode levar a uma eficácia menor e ingestão insuficiente de leite por parte do bebé. Não se esqueça que, mesmo se estiver muito motivada, não deve a todo o custo tentar amamentar se o processo estiver está a correr mal. Procure ajuda. Ter ajuda não significa incapacidade ou incompetência, mas antes um fenómeno normal, já que a maioria das mulheres necessitam de ajuda nesta fase.

As dúvidas e os problemas  

Voltar para casa com um novo membro da família é um acontecimento marcante e extraordinário. Mas pode ser, também, o início de um período de dificuldades, cansaço e por vezes angústias. Este regresso a casa, após a permanência na maternidade, é feito cada vez mais cedo, sendo, na maioria dos hospitais, entre os 2 e 4 dias após o nascimento, dependendo do tipo de parto. A situação é mais complicada porque existe pouca ajuda, e poderão ocorrer momentos em que se sente abandonada e só. São raras as visitas domiciliárias por profissionais de saúde, como em alguns países, os familiares estão longe ou pouco motivados para o aleitamento materno, praticamente não existem grupos de apoio. Este é o período em que se verificam os maiores desafios para o estabelecimento do aleitamento materno com sucesso, durante o qual se pode confrontar com diversas dúvidas e encontrar alguns dos problemas mais complicados de ultrapassar.

Aqui falaremos de alguns aspectos particulares, não esquecendo que em outros locais deste sítio encontra resposta para algumas das questões mais importantes deste período tão complicado para algumas mães.

Para poder evitar e ultrapassar alguns dos problemas que, com alguma frequência, ocorrem nesta fase, deverá, ao sair da maternidade: 

  • saber a quem recorrer em caso de necessitar de ajuda;
  • assegurar apoio e ajuda por parte dos familiares para se concentrar na amamentação e ter tempo para descansar;
  • estar confiante de que é capaz de amamentar o seu filho;
  • conhecer as posições em que pode dar de mamar;
  • ser capaz de posicionar o bebé e ajudar a fazer a pega;
  • saber como tirar leite. 

      Deverá, ainda:     

  • amamentar a pedido, frequentemente, sem horários, sem limitações de tempo (mas pelo menos 8-10 vezes/dia);
  • não dar outro tipo de leites ou líquidos;
  • não usar biberões ou chupetas;
  • assegurar uma consulta no médico para o seu filho 4 a 5 dias após a alta do hospital.

Durante os primeiros dias é normal que o seu bebé queira mamar muitas vezes (8-12 vezes por dia), o que é vantajoso porque é a forma de estimular a produção de leite e permitir a “descida do leite”. O leite passa a ser produzido em maior quantidade, a sua cor passa a ser branco azulada (podendo ser ainda amarelado ou dourado durante algumas semanas), menos espesso, mais aguado. Sentirá os seios mais tensos, mais cheios, podendo até gotejar leite. Ao amamentar com frequência ajuda a esvaziar e reduzir o ingurgitamento. Se os seios ficarem inflamados ou duros, retire um pouco de leite antes de dar de mamar, e compressas com gelo, no intervalo das mamadas, podem ajudar a aliviar o desconforto.

Cada bebé tem o seu ritmo próprio, sendo normal mamar com intervalos de 1 ou 2 horas entre as mamadas. Também o tempo de duração da mamada pode variar muito. O bebé pode querer só mamar de um lado ou até ter preferência por uma só mama. A amamentação a pedido, (sem horário predeterminado e sem limites de duração) ajuda a estabelecer com sucesso o aleitamento materno, permitindo uma mais rápida recuperação do peso de nascimento, menor ingurgitamento mamário, assim como está associado a uma maior duração do aleitamento materno.

Para o estabelecimento do aleitamento materno com sucesso é importante um bom posicionamento e uma boa pega. Poderá perguntar-se se o seu leite está ser suficiente, mas o que interessa não é a quantidade de leite que produz, mas a quantidade de leite que o seu bebé precisa, e que está a tomar. Ele está a mamar bem, e a quantidade de leite é suficiente, se fizer bem xixi, sendo normal uma a duas vezes nos primeiros dias e aumentando para um mínimo de 5 a 6 fraldas molhadas por dia. O cocó do bebé é inicialmente espesso e escuro (mecónio) e vai ficando progressivamente mais verde e depois amarelado, sendo mais pastoso ou aguado. O número de fraldas sujas passa de 1 a 2 nos primeiros dias para várias, no final da primeira semana.

Poderá sentir dores, como cólicas menstruais quando estiver a dar de mamar, o que se deve à acção da ocitocina, a mesma hormona que a ajuda o leite a descer e provoca também contracções do útero. Desaparecerão ao fim de uma semana, e se forem muito violentas poderá tomar algum medicamento para as dores. Lembre-se que é sensato limitar o número de visitas, de forma a poder descansar convenientemente e a ter disponibilidade para si e o seu bebé.

Alojamento conjunto

O alojamento conjunto, ou seja a permanência do bebé junto da mãe, nas 24 horas do dia, é a prática habitual na grande maioria dos hospitais e maternidades. São várias as consequências benéficas desta prática:

  • Facilita o aleitamento materno a pedido
  • Promove a ligação mãe-filho
  • Facilita um maior contacto da mãe e do filho com o pai e família
  • Ajuda a mãe observar e perceber melhor o comportamento e as respostas do seu filho
  • O bebé chora menos
  • O bebé dorme mais tempo
  • A mãe dorme mais e melhor
  • A mãe ganha mais confiança e auto estima

Após o nascimento o bebé deverá ficar junto de si e acompanhá-la na transferência para o quarto ou enfermaria. O berço do bebé deverá ficar junto da cama da mãe, ao seu lado e não aos pés, de forma que possa chegar-lhe e tocar-lhe, para lhe pegar ou confortar.

Poderá pedir ajuda para pegar no bebé e colocá-lo ao seu lado para o amamentar, adoptando uma posição confortável, de lado ou sentada. Ao contrário da opinião popular, as mães que têm, durante a noite, os bebés junto de si, não dormem menos, mas pelo contrário dormem mais e com melhor qualidade do sono. Nos casos em que, por qualquer motivo, não seja possível ter o seu filho ao seu lado, ele poderá ser levado junto de si para ser amamentado ou, então, poderá extrair o leite, que depois lhe será dado.

No caso de cesariana, poderá ser necessária uma maior ajuda, mas nada impede que mantenha o bebé junto de si durante todo o dia. Portanto, por todos estes motivos, e pelo papel essencial no estabelecimento com sucesso do aleitamento materno, deverá procurar ter o seu filho num Hospital que tenha esta prática.

Sinais de fome

Factor essencial para o sucesso do aleitamento materno é que seja o bebé a determinar o número, a duração e o espaçamento das mamadas. É o que é apelidado de aleitamento materno a pedido, livre ou à demanda. Isto implica que a mãe observe e consiga interpretar diversos aspectos do comportamento do bebé. É muito mais fácil dar de mamar ao seu bebé antes de ele estar a chorar por estar irritado, já que o choro é habitualmente um sinal tardio de fome. Além disso, o bebé pode chorar por outros motivos para além de estar com vontade de mamar.

Por isso você irá aprender a distinguir os sinais do seu bebé que indicam que ele está com fome ou a ficar com fome, como são exemplos: mexer-se muito no berço, procurar com a boca, meter as mãos na boca, agitar os pés e as mãos, dar pontapés. Embora de início lhe possa parecer muito complicado, verá que, com o tempo. não terá qualquer dificuldade em reconhecer rapidamente quando o seu filho está a pedir para ser amamentado.

Posicionamento e pega

O que é posicionamento?

Posicionamento significa a relação do corpo do bebé com o corpo da mãe.

O que é a pega?

Pega refere-se à relação da boca do bebé com a mama da mãe. Para que o bebé consiga mamar bem é crucial que esteja bem posicionado e que faça uma boa pega. Um mau posicionamento pode ser a causa de muitos problemas precoces da amamentação tais como a lesão e dores dos mamilos, mamadas muito longas e ineficazes, um bebé irritado e esfomeado e uma aparente falta de leite.

Como posicionar o bebé para dar de mamar?

Há várias posições em que pode segurar o seu bebé para este mamar. A escolha vai depender da ocasião e das circunstâncias, mas o importante é que seja confortável para si e para o bebé e que facilite uma boa pega. Na maioria das posições o bebé deve estar com o corpo de lado, virado para si.

Seja qual for a que escolha, deve segurar o bebé junto de si, ao nível da mama, com o corpo e a cabeça alinhados para que não tenha o pescoço dobrado. Segure nas suas costas, ombros e pescoço, para que possa mover a cabeça para trás com facilidade. O nariz deve encontrar-se ao nível do mamilo para poder agarrar bem e fazer uma boa pega.

Como colocar o bebé na mama?

Após colocar o bebé com o nariz junto do mamilo, espere que abra bem a boca. Pode ajudá-lo dando um pequeno toque no lábio superior. Puxe o bebé para a mama. Ele afastará um pouco a cabeça e logo em seguida agarrará a mama com a boca bem aberta e o queixo encostado à mama.

Não se assuste com as dificuldades iniciais, pois pode levar tempo a conseguir-se um bom posicionamento e uma pega eficaz. Para maior comodidade pode tentar usar almofadas debaixo dos seus braços, cotovelos, das costas ou do pescoço ou ainda do bebé.

Posição sentada (tradicional)

  • Sente-se confortavelmente e apoie as costas e os braços. Não se incline, porque se cansará e ficará com dor nas costas
  • Segure o bebé virado para si, de lado, com a barriga apoiada na sua barriga
  • Coloque a cabeça do bebé no seu antebraço, com o nariz junto de si e apoie as costas com o seu antebraço e o rabinho com a mão
  • A orelha, ombro e anca devem estar alinhadas
  • Aproxime o bebé do seu mamilo
  • Com a sua mão livre apoie a mama e ofereça ao bebé

Posição sentada cruzada

  • Sente-se confortavelmente usando uma almofada no seu colo para apoiar o bebé ao nível da sua mama
  • Segure a cabeça do bebé com a sua mão oposta e apoie as costas com o antebraço
  • Segure a mama com a mão do mesmo lado
  • Apoie o bebé com a barriga assente na sua barriga e ofereça a mama
  • O nariz do bebé deverá estar a tocar ou muito próximo do seu mamilo
  • Quando o bebé abre bem a boca, puxe-o para si

Posição do jogador de râguebi

  • Sente-se confortavelmente usando almofadas para apoio
  • Encoste o rabinho do bebé à almofada que apoia as suas costas
  • Segure o bebé debaixo do braço do mesmo lado, com os pés para trás e ao longo da parte lateral do seu corpo
  • Apoie as costas e o pescoço do bebé com o antebraço e a cabeça com a mão
  • O bebé deve estar a olhar directamente para o seu peito
  • Centre o seu mamilo na boca do bebé e puxe-o para si enquanto ele abre a boca 

Posição deitada

  • Deite-se de lado e encoste o seu bebé ao longo do seu corpo.
    Poderá usar almofadas debaixo da cabeça, atrás das costas ou entre as
    pernas
  • Apoie o bebé e aproxime-o de si com o seu braço do mesmo lado
  • O braço do lado para o qual está virada fica flectido, com o antebraço paralelo à cabeça
  • Deite o seu bebé ao seu lado, barriga encostada à sua barriga. O nariz deve estar ao nível do seu mamilo
  • Use a sua mão livre para segurar e oferecer a mama mais perto da cama

Esta é uma posição boa para os primeiros dias, especialmente após parto de cesariana ou instrumental, ou quando está muito cansada. Tem a desvantagem de ficar só com uma mão livre para ajudar o bebé.

Como ajudar o bebé a fazer uma boa pega?

  • Segure o bebé numa das posições descritas anteriormente
  • Toque suavemente os lábios do bebé com o seu mamilo, para que o bebé abra bem a boca (reflexo de procura)
  • Segure a sua mama em  “C” (o polegar por cima e os outros quatro dedos por baixo da mama, ligeiramente por trás da aréola)
  • Quando a boca do bebé se abre, comprima suavemente a mama fazendo um bico, puxe o bebé e meta o mamilo na sua boca
  • Não se encline ou dobre
  • Todo o mamilo e o máximo possível de aréola devem estar na boca do bebé. O bebé não deve agarrar apenas o mamilo
  • Se tapar o nariz, ajude com a mão que está a segurar a mama. A ponta do nariz do bebé deve tocar a mama

A forma de segurar a mama em “tesoura” (com o indicador e o médio) é desaconselhável já que pode empurrar o tecido mamário para trás e impedir o bebé de agarrar quantidade suficiente de mama.

Erros comuns

  • Não segurar o bebé perto do seu corpo, impedindo o bebé de adoptar uma posição confortável e obrigando-o a ficar com o corpo muito esticado
  • Não colocar o bebé virado para si, ficando com o pescoço torcido
  • Não manter a cabeça, o pescoço e o tronco do bebé alinhados, obrigando-o a torcer ou esticar o pescoço
  • Empurrar a cabeça, o que provoca uma reacção do bebé que se estica ou puxa a cabeça
  • Segurar pela cabeça em vez de segurar pelos ombros ou pelo pescoço
  • Não direccionar o mamilo para o nariz do bebé, impedindo que este agarre quando abre a boca
  • Não apoiar o corpo do bebé ao nível da mama na posição cruzada oposta, o que provoca tensão, puxando o bebé para longe da mama
Como ver se o bebé está a mamar bem?

Para o bebé mamar bem é necessário que esteja bem posicionado e que faça uma boa pega. Se tal acontecer, ele conseguirá extrair o leite que precisa para ficar satisfeito. Mas, como pode avaliar que isso está a acontecer?

Como ver se o bebé está a pegar bem?

  • Veja se ambos os lábios do bebé estão voltados para fora (e não dobrados para dentro) e relaxados. Se não for possível ver o lábio inferior, puxe suavemente o queixo para fora. Deve sentir a língua por baixo do seu peito;
  • Deverá ver mais aréola acima que por baixo da mama;
  • O queixo do bebé deve tocar ou pressionar a parte inferior da mama;
  • As bochechas do bebé estão redondinhas e não com covas. 

Se o bebé estiver correctamente posicionado e fizer uma boa pega, não irá haver dor ou traumatismo do mamilo. Nos primeiros dias, contudo, é normal haver uma sensibilidade aumentada e alguma dor, que desaparecerão com o decorrer dos dias.

No caso especial de mamas muito grandes poderá ser necessário segurar a mama durante toda a mamada, já que pode impedir o bebé de agarrar bem. O bom posicionamento e uma boa pega são essenciais para permitir uma extracção eficaz de leite pelo bebé.

E como saber se o bebé está a mamar bem?

  • Poderá ver a mandíbula do bebé para cima e para baixo e ouvirá ruídos de deglutição do leite;
  • Não magoa a mama. Se doer, tire o bebé do peito e volte a colocá-lo, porque a pega pode não estar bem feita;
  • Mama de forma rítmica, sendo normal fazer algumas pausas;
  • Durante a mamada o ritmo vai diminuindo;
  • Quando acaba de mamar, normalmente, deixa a mama espontaneamente.

Como saber se o bebé está a extrair leite suficiente?

  • O bebé parecerá contente e satisfeito após a maior parte das mamadas;
  • Parecerá saudável;
  • Os mamilos não ficam macerados, dolorosos;
  • Após os primeiros dias de vida o seu bebé fará xixi pelo menos 6 vezes por dia;
  • Fará pelo menos duas dejecções de fezes amareladas.
Após cesariana ou parto difícil

A realização de uma cesariana ou um parto difícil não afectam directamente o aleitamento materno. Contudo, em qualquer dos casos podem existir dificuldades acrescidas para dar de mamar, que se devem a diversos factores.

Dificuldades após cesariana ou parto difícil:

  • Limitação no contacto imediato pele a pele;
  • Dor após cirurgia ou traumatismo do períneo;
  • Restrição de movimentos e cansaço fácil, impedindo cuidar do bebé;
  • Anestésicos e analgésicos afectando o comportamento do bebé;
  • Separação da mãe e do bebé pela necessidade de cuidados médicos. 

Mesmo assim pode começar a dar de mamar logo após o nascimento. Se for sujeita a anestesia geral, você e o seu bebé podem ficar sonolentos nas primeiras horas após o parto, mas pelo contrário se tiver uma anestesia epidural isto afectará pouco o bebé e poderá começar a dar de mamar de imediato.

Enquanto não se pode mexer peça ajuda para posicionar o bebé. Ajuda prática no posicionamento e na pega diminuirão os riscos de má pega e aleitamento sem sucesso. É provável que sinta dores durante alguns dias, mas não existe inconveniente em usar medicamentos que ajudam a superá-las.

A actividade ajuda a acelerar o processo de recuperação, por isso levante-se e mova-se logo que possível. Para evitar mexer-se muito (acima abaixo na cama) ponha o berço perto e tenha fraldas, toalhetes, comida e um copo de água junto de si. Não se esqueça que em casa vai precisar de ajuda. Experimente várias posições possíveis e adopte a mais confortável. Porque foi sujeita a uma cirurgia pode precisar de ajuda para mudar de posição.

Posições para dar de mamar após uma cesariana:

  • Posição deitada: deitar suavemente de lado, com o braço debaixo da cabeça, e a ajuda de almofadas nas costas e no meio dos joelhos.
  • Posição de jogador de rugby: sentada com as costas apoiadas em almofadas, o bebé debaixo do braço e com os pés para trás. Esta posição permite evitar pressão no abdómen, podendo ser usada mais tarde na cadeira.
  • Posição sentada tradicional: com uma almofada debaixo do bebé, impedindo o contacto directo com o abdómen. Pode ser usada na cadeira, com um banco para os pés.
Hipoglicemia e aleitamento materno

O que é a hipoglicemia?

O termo hipoglicemia significa baixa concentração de glicose no sangue. A glicose é o açúcar que se encontra no sangue.

Durante o internamento na maternidade poderá ser confrontada com o facto de picarem o pé do seu bebé para medir o açúcar no sangue ou para ver se tem hipoglicemia.

É necessário determinar o nível de glicose (açúcar) no sangue?

Nos bebés nascidos a termo e com peso adequado, uma baixa transitória de glicose no sangue (uma hipoglicemia transitória) ocorre normalmente no período imediato ao nascimento, o que sendo um acontecimento normal não tem qualquer significado especial. Se tal acontecer, não há grande problema, porque se verifica uma resposta do organismo com normalização dos níveis de glicose nas horas seguintes. Apenas quando essa hipoglicemia ocorre com sintomas e sinais é que passa a ser preocupante. Os sinais podem ser convulsões, tremores, prostração, etc. As hipoglicemias com este tipo de sinais podem acontecer mais frequentemente em bebés muito grandes ou muito pequenos ou filhos de mães diabéticas ou doentes. Nestes bebés é aconselhável a determinação da glicemia nos primeiros dias de vida, e poderá ser necessário dar glicose por via intravenosa.

Também pode ocorrer hipoglicemia quando o bebé não é colocado à mama logo após o nascimento ou está muito tempo sem mamar (por estar separado da mãe por exemplo). Nestes casos formas alternativas de administrar o leite, tais como copo, são importantes.

Como se evita a hipoglicemia?

Para prevenir a ocorrência de hipoglicemia o que deve fazer é ter o seu bebé sempre junto de si, dar-lhe frequentemente de mamar, sabendo identificar os sinais precoces de fome. Se ele no primeiro dia se mostrar mais sonolento e pouco interessado em mamar durante algumas horas, não se preocupe porque isso é normal e ele vem habilitado a resolver, sozinho e sem dificuldade, esta baixa transitória de glicose.

Se ocorrer uma baixa de glicose, sem sintomas, o que se deve fazer?

Primeiro, não se preocupar, porque não acarreta perigo para a saúde do seu filho. Depois, deve procurar dar de mamar frequentemente, não dando açúcar (soro) pela boca.

Em conclusão, a despitagem rotineira de hipoglicemia em bebés de termo, saudáveis não é necessária, tal como a administração de água açucarada/soro glicosado e pode criar angústias/ansiedade que impedem ou dificultam o estabelecimento do vínculo mãe-filho e de um aleitamento materno com sucesso. A melhor maneira de prevenir a hipoglicemia e estabilizar os valores de glicose no sangue é a amamentação frequente e imediata.

Icterícia e desidratação

Icterícia é a cor amarela da pele e mucosas (por exemplo boca e olhos), provocada pela acumulação de bilirrubina. O único período da nossa vida em que ficar ictérico é normal é nas primeiras semanas de vida. Depois deste período icterícia significa sempre doença.

Podemos, por questões de compreensão, dividir em 3 situações de icterícia neonatal:

1. Icterícia fisiológica

Cerca de metade dos bebés apresentam algum grau de icterícia com aparecimento nos primeiros dias de vida. É a chamada icterícia fisiológica. O aleitamento materno não provoca ou agrava a icterícia fisiológica e, pelo contrário, ajuda a preveni-la ou diminui-la. A alimentação ao peito ajuda o funcionamento do intestino e dessa forma a eliminação da bilirrubina.

Se o bebé precisar de fototerapia (eliminação da bilirrubina com a ajuda de luz) a amamentação deve continuar. Não é necessário dar água ao bebé, por biberão ou de outra forma, mas deve amamentar mais vezes. Geralmente desaparece ao fim de uma semana, mas em bebés amamentados pode demorar mais tempo.

2. Icterícia do aleitamento materno

Não se trata de um tipo de icterícia propriamente dito, mas antes o agravamento da icterícia, que ocorre por uma amamentação deficiente. Se existir uma má pega o bebé mama mal, com pouca eficácia, retirando pouco leite dos seios maternos e ingerindo pouco. Fica com fome, podendo apresentar-se pouco activo e pouco interessado em mamar. A icterícia surge ou agrava-se, o bebé fica desidratado e perde peso. Pode ser uma situação muito perigosa para a saúde do bebé e portanto precisa de recorrer ao médico. Para evitar esta situação deve:

  • Amamentar pelo menos 8 a 12 vezes por dia, nos primeiros dias;
  • Evitar água, soro ou chás, que só agravam a situação;
  • Evitar a utilização de chupetas ou biberões;
  • Deve ter uma consulta na primeira semana após a alta, onde será feita uma avaliação da amamentação;
  • Deve recorrer ao médico se o seu bebé não mama bem, se está sonolento, parado;
  • Deve recorrer ao médico se se agravar a icterícia.     

3. Icterícia do leite materno

Existe outro tipo de icterícia, de início um pouco mais tarde, conhecida pelo nome de ?icterícia do leite materno?, provocada por uma substância do leite humano ainda mal conhecida. Normalmente tem início mais tarde, na 1ª semana, entre os 5 e os 7 dias e pode demorar até 10 semanas. O diagnóstico faz-se por exclusão de outras causas. Acontece em bebés saudáveis, com boa actividade e que continuam a aumentar de peso. Não se deve parar o aleitamento materno mas, por vezes, pode ser necessário tirar sangue para excluir situações de doença.

Está o bebé a mamar o suficiente?

Uma das dúvidas mais frequentes das mães nos primeiros dias é se o leite é suficiente para o bebé. A questão não deverá ser colocada se tem ou não leite suficiente para o bebé, mas sim de o bebé está a mamar a quantidade de leite que precisa, a quantidade suficiente para ficar satisfeito e crescer saudavelmente.

Como ver se o bebé está a mamar bem?

Para o bebé mamar bem é necessário que esteja bem posicionado e que faça uma boa pega. Se tal acontecer, ele conseguirá extrair o leite que precisa para ficar satisfeito. Mas, como pode avaliar que isso está a acontecer?

Como ver se o bebé está a pegar bem?

  • Veja se ambos os lábios do bebé estão voltados para fora (e não dobrados para dentro) e relaxados. Se não for possível ver o lábio inferior, puxe suavemente o queixo para fora. Deve sentir a língua por baixo do seu peito;
  • Deverá ver mais aréola acima que por baixo da mama;
  • O queixo do bebé deve tocar ou pressionar a parte inferior da mama;
  • As bochechas do bebé estão redondinhas e não com covas.

Se o bebé estiver correctamente posicionado e fizer uma boa pega, não irá haver dor ou traumatismo do mamilo. Nos primeiros dias, contudo é normal haver uma sensibilidade aumentada e alguma dor que desaparecerão com o decorrer dos dias.

No caso especial de seios muito grandes poderá ser necessário segurar o seio durante toda a mamada, já que pode impedir o bebé de agarrar bem. O bom posicionamento e uma boa pega são essenciais para permitir uma extracção eficaz de leite pelo bebé.

E como saber se o bebé está extrair leite de forma eficaz?

  • Poderá ver a mandíbula do bebé para cima e para baixo e ouvirá ruídos de deglutição do leite.
  • Não magoa a mamar. Se doer tire o bebé do peito e volte a colocá-lo, porque pode não estar correctamente;
  • Mama de forma rítmica, sendo normal fazer algumas pausas;
  • Durante a mamada o ritmo vai diminuindo;
  • Quando acaba de mamar normalmente deixa a mama espontaneamente. 

Como saber se o leite é suficiente para o bebé?

  • O bebé parecerá contente e satisfeito após a maior parte das mamadas;
  • Parecerá saudável;
  • Os mamilos não ficam macerados, dolorosos;
  • Após os primeiros dias de vida o seu bebé fará xixi pelo menos 6 vezes por dia;
  • Fará pelo menos duas dejecções de fezes amareladas. 

Boa pega + Bom posicionamento → Mama bem → Extrai leite → Ingere leite → Bebé satisfeito

Leite a mais e leite a menos

Leite a menos

Pode ter a noção que o seu leite é pouco ou insuficiente para o seu filho. Embora grande parte das vezes esta noção seja incorrecta, o mais importante é saber se o seu filho fica ou não satisfeito com a quantidade de leite que toma.

É importante distinguir entre verdadeira diminuição da quantidade de leite e uma percepção errada de pouco leite.

Alguns motivos porque as pessoas pensam que não têm leite:

  • O bebé volta a cabeça e abre a boca, parecendo procurar o seio
  • Não ter a sensação de descida de leite
  • O bebé estar agitado ou a chorar
  • O aspecto transparente do leite
  • Não conseguir tirar leite
  • O bebé mamar nas mãos entre os 2 e os 3 meses

Razões habituais para uma quantidade de leite insuficiente: 

  • Posição e pega inadequados
  • Frequência ou duração insuficiente da amamentação
  • Utilização de chupetas

Se achar que o seu leite é insuficiente para aumentar a sua quantidade deve amamentar frequentemente, já que o melhor estímulo para a produção de leite é o bebé mamar. Também pode, no fim do bebé mamar, estimular a produção de leite, usando uma bomba. Quanto mais leite tirar dos seus seios mais leite vai ter.

Não existem alimentos mágicos que aumentem a produção de leite. Uma dieta equilibrada é o mais importante. Mamar durante a noite aumenta a produção de leite. Se precisar aumentar a quantidade de leite procure amamentar pelo menos uma vez durante a noite.

Para aumentar a produção de leite, também pode:

  • Verificar o posicionamento e a pega, corrigindo se estiver mal
  • Amamentar mais vezes
  • Dar a mama como conforto em vez de uma chupeta
  • Acordar o bebé e amamentar antes de ir dormir
  • Deixar acabar no primeiro seio antes de dar o segundo
  • Extrair entre as mamadas
  • Descansar e comer bem

Leite a mais

Quando o bebé não está a retirar o leite eficazmente, pode ocorrer uma percepção de ?sobreprodução? de leite. Tal acontece porque pode ter a capacidade de produzir leite em maior quantidade mas, com o tempo e o bebé a mamar vai verificar-se um controlo local da produção de leite o que fará equilibrar a quantidade produzida com a que é extraída pelo bebé. É, portanto, uma situação transitória que passará em poucos dias. Entretanto, o que pode fazer?

  • Não se preocupar porque é um problema transitório
  • Amamentar temporariamente numa só mama (diminuindo a produção na outra)
  • Pode aliviar o desconforto com gelo, um analgésico como o paracetamol e a apoiar a mama
  • Extrair leite no início ou no fim da amamentação o que ajuda a aliviar o desconforto (pode prolongar o excesso de leite mais um pequeno tempo, mas é mais confortável). O leite em excesso pode ser guardado para mais tarde.

O crescimento do bebé

Um bebé que esteja a mamar bem, tenha um ar saudável e feliz, não precisa de ser pesado muitas vezes. No entanto, a avaliação regular do peso do bebé ajuda a mostrar que o bebé está a crescer bem. Não é necessário pesar mais vezes que uma vez por mês.

O peso do bebé aumenta muito rapidamente nos 3 primeiros meses de vida, sendo mais lento a partir daí. Se se verificar uma má evolução do peso em duas ocasiões seguidas deve ser reavaliada a amamentação e corrigido o que não estiver bem.

Sair de casa e amamentar em público

Depois de voltar para casa, e após mais ou menos tempo, vai querer sair, arejar e passear um bocado. Poderá levar o seu filho e amamentar para onde for. É natural que ao princípio se sinta um pouco incomodada, mas felizmente vivemos numa sociedade onde não existe grande problema com esta situação, ao contrário de outras. Vai ver que com o tempo vai amamentar em locais públicos sem qualquer problema, o que lhe permitirá ter uma vida bastante mais agradável.

Algumas ideias: 

  • Se tem que sair de casa por pouco tempo, amamente antes de sair e calcule o tempo que tem até à próxima mamada
  • Procure um local apropriado para dar de mamar (por
    exemplo centros comerciais e áreas de serviço têm, frequentemente,
    locais especiais)
  • Se estiver de automóvel, pode usá-lo para amamentar
  • Numa loja de roupa pode usar os provadores
  • Em casa de outras pessoas pode usar outras divisões
  • Use uma fralda para tapar
  • Pode tirar leite e dar por copo ou biberão (a evitar nas primeiras semanas)
  • Outras pessoas podem dar o seu leite por copo ou biberão
Cocó e xixi

São muito frequentes as preocupações das mães recentes quanto à quantidade como ao aspecto da urina e das fezes dos seus filhos. Porque são motivo de ansiedade e aborrecimento significativos alguma importância lhe devemos dar. Existe uma grande variabilidade individual no que se refere à quantidade de dejecções, havendo bebés que têm muitas, e outros bebés, poucas. Alguns fazem cocó cada vez que mamam, outros não. Não se deve preocupar excessivamente com isso e a ideia importante a reter é que se o bebé não tiver, pelo menos, uma dejecção por dia pode significar que está a ingerir pouco leite.

Com o uso de fraldas descartáveis, que absorvem muito a urina, por vezes é muito difícil perceber se o bebé fez ou não xixi. Outras vezes a urina mistura-se com as fezes o que também dificulta a avaliação da quantidade que o bebé fez.Tendo isso em conta, não devemos esquecer que a quantidade de urina é uma das melhores formas de avaliar a eficácia da amamentação. Um bebé que está a tomar leite em quantidade suficiente faz, pelo menos, 6 a 8 vezes por dia, um xixi claro, não muito carregado. Se tal não acontecer pode significar que o bebé não está a conseguir obter o leite suficiente e até pode desidratar

O que pode sugerir que o bebé está a ficar desidratado:

  • Ar doente, pouco reactivo
  • Pele pálida, acinzentada
  • Boca seca
  • Icterícia marcada

Cólicas

Nos primeiros meses de vida os bebés podem chorar sem motivo aparente, sem uma causa identificável. Frequentemente esse choro tem um padrão definido, num período determinado do dia, normalmente ao início da noite. Acompanha-se de agitação do bebé, que encolhe as pernas, parecendo ter “cólicas”, e sendo difícil de consolar. Não se sabe qual a causa deste comportamento, mas não tem nada a ver com a quantidade ou a qualidade do cocó do bebé e não significa doença. O bebé cresce normalmente e fora destes episódios está bem. Normalmente resolve-se por volta dos 3 meses de idade.