O meu filho pode ser obeso?
Qualquer criança pode vir a ser obesa. Acompanhar o crescimento da criança é essencial para o diagnóstico, o tratamento e a prevenção da obesidade infantil. Tal acompanhamento é feito nas consultas de saúde infantil de rotina. Estas consultas são oportunidades únicas para identificar sinais de alerta de que a criança está em risco de ter obesidade. Assim, é possível atuar com medidas de prevenção e tratamento antes que a obesidade se instale.
Saber como é feito o acompanhamento do crescimento da criança e quais os principais sinais de alerta para o risco de obesidade infantil pode ser muito importante. Desta forma, será muito mais fácil esclarecer as suas dúvidas, procurar a ajuda necessária junto dos profissionais de saúde, e contribuir para a prevenção da obesidade na sua criança.
Como sei que o meu filho está obeso ou em risco de ter obesidade?
Como sei que o meu filho está obeso ou em risco de ter obesidade?
Acompanhar o crescimento da criança através do seu peso e altura é o primeiro passo para fazer o diagnóstico da obesidade ou identificar sinais de alerta para o risco obesidade.
Ter excesso de peso ou ganhar muito peso num curto espaço de tempo são os principais sinais de alerta de que uma criança está em risco de ficar obesa.
Nas consultas de saúde infantil de rotina as crianças são pesadas e medidas e outros aspetos importantes da sua vida são analisados. Nestas ocasiões, o médico ou o enfermeiro podem fazer um diagnóstico de excesso de peso ou obesidade, ou identificar situações de risco que justifiquem medidas de prevenção ou tratamento, conforme pode verificar nesta secção.
Como se acompanha o crescimento das crianças?
Como se acompanha o crescimento das crianças?
Como se acompanha o crescimento das crianças dos 0 aos 5 anos de idade?
Nas consultas de saúde infantil de rotina as crianças são pesadas e medidas e outros fatores importantes da sua vida são analisados. Nestas ocasiões, o médico ou o enfermeiro podem fazer um diagnóstico de excesso de peso ou obesidade, ou identificar situações de risco que justifiquem medidas de prevenção ou tratamento. Para fazer este diagnóstico, os valores de peso e altura/comprimento são convertidos, através de uma fórmula, para um indicador denominado índice de massa corporal (IMC).
Obs. Até aos 23 meses, os gráficos de percentis do IMC do Boletim de Saúde Infantil e Juvenil são feitos com base no IMC calculado com o comprimento das crianças, ou seja, a sua medida em posição deitada. Se uma criança com idade inferior a 2 anos for medida de pé, é necessário transformar a altura em comprimento, adicionando 0,7 cm ao valor encontrado, antes de calcular o IMC.
O índice de massa corporal é calculado da seguinte forma:
Depois de encontrado o valor de IMC, este é apontado no gráfico de percentis do IMC do Boletim de Saúde Infantil e Juvenil. Na imagem abaixo poderá observar um exemplo destes gráficos que estão presentes no Boletim de Saúde Infantil e Juvenil que entrou em vigor a partir de 2013.
Gráfico de percentis do IMC do Boletim de Saúde Infantil e Juvenil de rapazes
São sinais de alerta, que podem indicar um problema de saúde ou uma alimentação excessiva em relação aos níveis de atividade física da criança:
- IMC entre o percentil 85 e o 97, que indica possível risco de excesso de peso. Havendo, com o passar do tempo, tendência de aproximação do IMC ao percentil 97, considera-se risco definitivo de excesso de peso.
- IMC acima do percentil 97, que indica excesso de peso.
- Ganho de peso rápido, com aumento do percentil do IMC a ultrapassar linhas de percentil na direção do percentil 85. Por exemplo, passar de um percentil próximo do 25 para outro próximo do 50, do 50 para o 75, e assim por diante.
Estas situações devem ser analisadas pelo médico, que irá definir se o crescimento é ou não adequado para a criança. Mesmo com a classificação do IMC, somente com a análise de outros fatores, que virão descritos a seguir, é possível fazer um diagnóstico preciso e tomar medidas de controlo adequadas.
Que outros aspetos devem ser analisados no diagnóstico da obesidade infantil?
Que outros aspetos devem ser analisados no diagnóstico da obesidade infantil?
Acompanhar o crescimento da criança através do seu peso e altura não é o único aspeto a ser analisado pelo profissional de saúde para saber se uma criança é obesa ou está em risco de obesidade e sugerir medidas de controlo. Uma criança pode ter um peso normal mas necessitar de algumas mudanças de hábitos por ter uma forte tendência para ser obesa, por exemplo.
Assim, para fazer um diagnóstico preciso e definir se é ou não necessária uma intervenção e qual seria esta intervenção, é essencial ainda analisar uma série de outras situações. São elas:
1 – A existência de fatores que aumentam a tendência para a criança ser obesa
São fatores que aumentam a tendência para uma criança ser obesa:
- obesidade dos pais ou de um dos pais;
- obesidade em familiares próximos;
- obesidade da mãe no início da gravidez;
- ganho de peso excessivo da mãe durante a gravidez;
- diabetes não controlada durante a gravidez;
- fumar durante a gravidez;
- nascer com peso elevado. É comum a preocupação com crianças que nascem com 4 kg ou mais;
- ganhar peso muito rapidamente, a ultrapassar linhas de percentil do peso nos dois primeiros anos de vida;
- ter o peso num percentil acima do 97 durante o primeiro ano de vida; (ATENÇÃO! Para crianças nascidas antes de 2013 que utilizam o modelo mais aintigo do Boletim de Saúde Infantil e Juvenil, considerar o percentil 95.)
- já ter sido obesa anteriormente;
- ser alimentada pelo biberão com leite artificial nos primeiros meses de vida;
- começar a comer outros alimentos para além do leite antes dos 4 meses de vida.
A presença de vários destes fatores pode ser considerada um sinal de alerta para o risco de obesidade. Crianças que apresentam vários destes fatores devem ser acompanhadas com mais frequência para que possam ser tomadas medidas de prevenção antes que a obesidade se instale.
2 – A existência de uma doença ou condição que seja a causa do aumento excessivo de peso ou da obesidade
A maior parte das situações de aumento excessivo de peso ou de obesidade não se deve a doenças ou outras situações, como a utilização de medicamentos, mas sim a maus hábitos de alimentação e atividade física. No entanto, outras causas devem ser descartadas para que se possa definir as medidas de controlo adequadas.
3 – A existência de outras doenças e problemas de saúde relacionados com o excesso de peso, como a tensão alta, o colesterol elevado e a diabetes
Investigar se a criança tem outros problemas de saúde associados ao excesso de peso é essencial para um diagnóstico preciso e para decidir sobre as medidas de tratamento do excesso de peso e das doenças associadas.
4 – Os hábitos alimentares, de atividade física e de sono da criança e da família
Conhecer os hábitos alimentares, de atividade física e de sono da criança e da família pode auxiliar o profissional de saúde no diagnóstico e é fundamental para a sugestão de medidas de prevenção ou tratamento da obesidade. Mesmo que a criança não tenha excesso de peso, mudar maus hábitos na criança e na família é uma medida que contribui para a saúde de todos.