Regras de ouro da diversificação alimentar
A diversificação alimentar, ou seja, a oferta de novos alimentos para além do leite materno ou de substituição, é talvez a mais importante oportunidade para iniciar a formação de bons hábitos alimentares na criança. Aquilo que o bebé come nesta fase e a forma como correm as refeições influenciam as suas preferências por determinados alimentos e os seus hábitos alimentares durante a infância e até mesmo mais tarde, na vida adulta.
Para que esta etapa decorra bem, sem ansiedades e frustrações, e para que o seu bebé se transforme num verdadeiro apreciador de uma alimentação saudável, são “Regras de ouro da diversificação alimentar”:
- Inicie a diversificação alimentar do seu bebé o mais próximo possível dos 6 meses e nunca antes dos 4 meses.
- Evite dar sumos ou bebidas adocicadas ao seu bebé.
- Não utilize sal, açúcar e mel na alimentação do seu bebé.
- Procure apresentar ao seu bebé uma grande variedade de alimentos saudáveis, com diferentes consistências e texturas, até aos 12 meses.
- Tenha persistência. Por vezes é preciso que o bebé prove um alimento 10 ou mais vezes em ocasiões diferentes para passar a aceitá-lo.
- Deixe que o bebé veja, cheire e toque nos alimentos e participe de forma ativa nas refeições.
- Incentive calmamente o bebé a provar os alimentos mas nunca o pressione a comê-los.
- Aprenda a reconhecer e respeite os sinais de fome e saciedade do bebé.
- Ofereça porções adequadas à idade do bebé.
- Comece a habituar o bebé a uma rotina de refeições
- Cuide para que as refeições sejam momentos agradáveis de convívio e aprendizagem, sem distrações como a televisão.
- Não ofereça alimentos como gratificação por bom comportamento, para confortar o bebé, ou para conseguir que o bebé faça algo em troca.
Por fim, seja um bom exemplo!
O que os pais fazem é para a criança o exemplo a copiar. Os pais e outros cuidadores devem ser um bom modelo para incentivar hábitos saudáveis.
Inicie a diversificação alimentar do seu bebé o mais próximo possível dos 6 meses e nunca antes dos 4 meses.
A partir dos 4 meses de vida o organismo do bebé já começa a ser capaz de fazer a digestão de outros alimentos que não o leite e de eliminar o excesso de alguns nutrientes que uma alimentação mais diversificada pode conter. Mas é entre os 5 e os 6 meses que o bebé está mais preparado para a diversificação alimentar, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento motor.
Se o bebé estiver preparado para a diversificação alimentar, é mais provável que tudo corra bem desde o início. Se não estiver preparado pode, entre outros problemas, rejeitar a alimentação à colher fazendo das refeições momentos de frustração e stresse para ambos. Assim, sempre que possível, o melhor é seguir a regra dos 6 meses e esperar até esta altura para iniciar a diversificação alimentar do bebé. Por volta dos 6 meses, observar os sinais do seu bebé pode ser uma excelente estratégia para definir o momento mais adequado para iniciar a diversificação alimentar.
O seu bebé estará pronto para a diversificação alimentar quando:
- conseguir ficar sentado com apoio, com um bom controlo da cabeça;
- demonstrar interesse pela comida, tentando alcançar, salivando ou abrindo a boca quando vê algum alimento;
- ainda demonstrar fome constantemente, mesmo depois de tentar amamentar com mais frequência ou aumentar as quantidades de leite oferecidas no biberão;
- conseguir retirar os alimentos de uma colher e engoli-los, mesmo que nas primeiras refeições estes alimentos tenham que ter uma consistência mais líquida..
Mas, como cada caso é um caso, converse com o médico para tirar as suas dúvidas e decidir acerca das soluções mais adequadas para a vossa situação. Tenha somente em conta que a diversificação alimentar não deve ser iniciada antes das 17 semanas, nem adiada para além das 26 semanas de vida do bebé.
Evite dar sumos ou bebidas adocicadas ao seu bebé.
Os bebés já nascem com a preferência pelo paladar doce e esta preferência deve ser contrariada e não incentivada. Um dos erros mais cometidos na alimentação dos bebés é a oferta de sumos e chás adocicados desde muito cedo. Muitos bebés habituados desde cedo aos sumos de fruta, mesmo que naturais e sem açúcar, acabam por rejeitar a água e querer sempre sumo.
A água deve ser a bebida de eleição para satisfazer a sede da sua criança. Ofereça água para o seu bebé várias vezes ao dia, principalmente nos intervalos das refeições.
Não utilize sal, açúcar e mel na alimentação do seu bebé.
Os bebés já apreciam naturalmente o paladar doce e o salgado e devem aprender a apreciar os paladares naturais dos alimentos.
Além disso, a utilização de sal na alimentação do bebé tem sido associada à tensão alta na vida adulta e recomenda-se que a sua introdução seja feita somente depois de 1 ano de vida. O açúcar favorece o excesso de peso e o aparecimento de cáries dentárias. O mel nesta fase pode causar uma doença grave chamada botulismo e só pode ser utilizado se passar por um tratamento especial, que é o caso do mel utilizado pela indústria como ingredientes de papas de cereais e boiões.
Os pais e outros cuidadores habituados aos alimentos doces ou salgados podem ter dificuldade em oferecer alimentos aparentemente “insonsos”. Mas o paladar educa-se e para o bebé, que não conhece o sal nem o açúcar, é muito mais fácil apreciar os alimentos na sua forma natural.
Procure apresentar ao seu bebé uma grande variedade de alimentos saudáveis, com diferentes consistências e texturas, até aos 12 meses.
Por volta dos 12 a 15 meses é comum que as crianças comecem a manifestar a chamada “neofobia”, que é a aversão a novos alimentos. Por isso, é importante familiarizar o seu bebé com uma grande variedade de alimentos saudáveis até aos 12 meses de idade. Nesta etapa, dos 6 aos 12 meses, o apetite do bebé é bastante favorável, uma vez que o bebé está em intenso crescimento.
Varie ao máximo as opções de frutas, hortícolas, carnes e peixes que oferece ao seu bebé, sempre de acordo com as orientações para a introdução de novos alimentos.
Procure ainda apresentar os alimentos em diferentes combinações, consistências e texturas, respeitando o desenvolvimento do seu bebé. Por volta dos 6 ou 7 meses os purés de legumes e frutas já podem ser mais grossos e conter pequenos grumos. Entre os 8 e os 9 meses os bebés já podem comer os alimentos bem cozidos, em pequenos pedaços ou amassados. Se habituá-lo a comer tudo passado, depois dos 10 meses será muito mais difícil.
Tenha persistência. Por vezes é preciso que o bebé prove um alimento 10 ou mais vezes em ocasiões diferentes para passar a aceitá-lo.
O paladar educa-se e é comum que as crianças necessitem provar um alimento várias vezes antes de aceitá-lo. Fazer caretas e colocar para fora os alimentos é natural durante as primeiras refeições em que a criança ainda está a aprender a comer à colher e sente os alimentos pela primeira vez. Estes nem sempre são sinais de que o bebé não gosta do alimento.
Os pais e outros adultos muitas vezes se deixam influenciar por estas situações ou pelas suas próprias preferências e aversões e acabam por desistir de oferecer ao bebé determinados alimentos, principalmente alguns vegetais. Se deixarem passar esta oportunidade, mais tarde será muito mais difícil.
Também é comum que alguns alimentos sejam rejeitados pela criança quando estão doentes ou mesmo após uma doença. Respeite o momento do bebé. Mais tarde pode ser necessário habituá-lo a estes alimentos novamente.
Deixe que o bebé veja, cheire e toque nos alimentos e participe de forma ativa nas refeições.
A preferência por determinados alimentos não é apenas uma questão de gosto. O bebé é também influenciado por aquilo que vê, pelo cheiro e textura que sente e pelas experiências e desafios que tem. Permitir ao bebé que veja, cheire e toque nos alimentos e participe de uma forma mais ativa nas refeições, com as mãos e com a sua própria colher, vai ajudá-lo a apreciar os alimentos e as refeições e a tornar-se mais independente na hora de comer.
Não é momento para se importar com a sujidade. Utilize um babete para proteger a roupa, um pano ou individual para proteger a mesa, um plástico ou jornal para proteger o chão e deixe-o experimentar! A maioria dos bebés só conseguirá utilizar uma colher com mais coordenação por volta dos 18 meses. Quanto mais o bebé puder praticar nesta fase, mais cedo será independente e dará menos trabalho na hora de comer.
Incentive calmamente o bebé a provar os alimentos mas nunca o pressione a comê-los.
Pressionar o bebé para que coma determinados alimentos, seja com distrações, raspanetes, ou oferecendo algo em troca, como bolachas e sobremesas, é uma estratégia que só funciona naquele momento. Na verdade, este tipo de atitude aumenta a rejeição da criança pelo alimento que foi pressionada a comer e aumenta o desejo pelo alimento que recebeu em troca, normalmente menos saudável.
A melhor forma de incentivar o seu bebé a experimentar os alimentos é o seu exemplo, ou seja, mostrar que os aprecia e que estes fazem parte da sua própria alimentação. O ambiente das refeições também contribui bastante. É muito provável que o seu bebé esteja mais disponível para experimentar os alimentos se as refeições forem momentos agradáveis de convívio e aprendizagem.
Aprenda a reconhecer e respeite os sinais de fome e saciedade do bebé.
Os bebés nascem com capacidade de regular aquilo que devem consumir de acordo com as suas necessidades. Ao pressionar os bebés para que comam mais um pouco ou até mesmo “limpem o prato” os pais e outros cuidadores prejudicam esta capacidade do bebé.
Atualmente, as crianças estão constantemente diante de alimentos e guloseimas, ter esta capacidade de parar de comer quando estão satisfeitas é muito importante para a prevenção da obesidade infantil.
Não é suposto que o seu bebé coma uma quantidade determinada de alimentos ou que coma uma mesma quantidade todos os dias. Todas as crianças têm refeições e dias em que comem bem e outras em que recusam tudo porque, naturalmente, não têm apetite. Se o seu bebé demonstrar que está satisfeito, não insista. Os bebés demonstram de diversas formas que estão satisfeitos ou necessitam de uma pausa nas refeições. São sinais comuns nesta fase: chorar, choramingar ou refilar; virar a cara ou afastar-se da colher; distrair-se da refeição e dos alimentos; cuspir a comida (embora, nas primeiras refeições isso possa acontecer simplesmente porque o bebé ainda não consegue engolir a partir da colher).
Por outro lado, é importante também reconhecer e atender aos sinais de fome do seu bebé. Assim ele estará sempre seguro de que as suas necessidades vão ser atendidas e saberá controlar-se melhor. São sinais de fome comuns nesta fase: chorar, choramingar ou refilar; mostrar interesse pela comida; abrir a boca quando vê a colher; esticar o corpo em direção à comida ou à colher.
Lembre-se que chorar e choramingar nem sempre é sinal de fome. Não se esqueça de que o seu bebé tem também outras necessidades: de atenção, de descanso, de cuidados de higiene, etc. Oferecer um alimento não deve ser sempre a primeira alternativa diante do choro do seu bebé. Procure reconhecer e atender aos sinais do seu bebé! Isso fará dele uma criança mais segura, calma, cooperante e feliz!
Ofereça porções adequadas à idade do bebé.
O mais importante é seguir o apetite do bebé. Contudo, é necessário ter o cuidado de oferecer porções de alimentos adequadas à sua idade. A quantidade de alimentos oferecida pode influenciar a quantidade que o bebé come. Por outro lado, ao oferecer porções adequadas, não ficará com a noção errada de que o seu bebé está a comer pouco, o que evitará qualquer pressão da sua parte. Se o bebé demonstrar fome após a refeição, pode sempre servir um pouco mais.
Comece a habituar o bebé a uma rotina de refeições
Aos poucos o bebé deve passar de um esquema de alimentação livre, em que mama sempre que demonstra vontade, para um esquema de refeições organizadas. Por isso, durante a diversificação alimentar, deve começar a habituá-lo a uma rotina de 5 a 6 refeições, até que possa entrar na rotina da própria família.
Evite oferecer alimentos ao seu bebé fora das refeições, para não prejudicar o seu apetite às refeições e para não ganhar o hábito de petiscar.
Cuide para que as refeições sejam momentos agradáveis de convívio e aprendizagem, sem distrações como a televisão.
Para que os bebés aprendam a gostar dos alimentos e das refeições, as refeições devem ser momentos agradáveis e desejados, nos quais têm a atenção e o afeto dos pais, têm respostas às suas necessidades e podem participar ativamente. Assim, as refeições são oportunidades de convívio, interação e descoberta e não apenas a hora de comer.
Durante as refeições, siga a Regra dos 3 S: sentados, sossegados e sociáveis. Sente-se com o seu bebé de forma a verem-se olhos nos olhos. Garanta um ambiente tranquilo, sem distrações como brinquedos, o telefone e a televisão. Converse com ele, nem sempre sobre a comida. Faça elogios, demonstre o quanto aprecia este momento e tenha atenção aos seus sinais. Respeite o ritmo do bebé e aguarde até que esteja pronto para a próxima colherada. Incentive-o a comer sozinho, com as mãos ou com a sua própria colher. As pressões e os raspanetes para que coma são totalmente desaconselhados.
Não ofereça alimentos como gratificação por bom comportamento, para confortar o bebé, ou para conseguir que o bebé faça algo em troca.
A alimentação e os alimentos estão culturalmente ligados ao afeto. Alimentar a criança para que ela cresça forte e saudável é uma das maiores missões dos pais. No entanto, diante do grande aumento do número de casos de obesidade, é necessário ter o cuidado para que a criança não aprenda desde muito pequenina a comer por diversos motivos que não a fome e a necessidade de se alimentar.
Em primeiro lugar, os alimentos, recebidos como gratificação por bom comportamento ou como conforto em momentos de dor, tristeza ou irritação são normalmente guloseimas. Nestas situações, ganham um valor especial e tornam-se, muitas vezes, os preferidos e mais desejados da criança. Além disso, este tipo de atitude pode ainda contribuir para que a criança se habitue a comer para aliviar momentos de tristeza e frustração e para comemorar os seus sucessos.
Uma brincadeira, um beijo ou um abraço são apenas algumas das muitas alternativas que pode encontrar para estes fins.
Alimentos perigosos até aos 4 anos
As crianças só aprendem a mastigar bem os alimentos por volta dos 4 anos de idade. Até esta fase, alguns alimentos são potencialmente perigosos para os mais pequeninos. Uns porque podem ficar presos na garganta, bloqueando a passagem de ar, outros, porque podem ser aspirados e entrar para os brônquios.
Estes problemas são mais comuns do que se pode imaginar e é importante saber evitá-los.
Alimentos que podem ficar presos na garganta
Até aos 4 anos de idade, evite oferecer à sua criança:
- Qualquer pedaço grande de alimentos rijos, como carne, queijo, batata, vegetais crus ou mal cozidos e frutas;
- Salsichas inteiras ou às rodelas (Devem ser cortadas em “quadrados” pequeninos);
- Rebuçados, chupas, gomas e marshmallows;
- Frutos secos, como as nozes, as amêndoas, os amendoins, as castanhas, as avelãs, o caju, o pinhão e o pistácio;
- Pipoca;
- Chocolates com recheio de caramelo ou de frutos secos;
- Uvas, cerejas, azeitonas ou tomate cherry inteiros (Devem ser cortados em pedaços pequenos).
Nota: Embora uma criança de 3 anos de idade já consiga roer uma metade de maça ou comer tiras finas de vegetais crus (cenoura, pepino), é sempre importante ter cuidado. Pode começar a habituar o seu filho aos poucos, se sentir que já é capaz. Mas sempre sentado e sob o seu olhar atento.
Alimentos que podem ser aspirados
Até aos 4 anos de idade, evite oferecer à sua criança:
- Frutos secos, como as nozes, as amêndoas, os amendoins, as castanhas, as avelãs, o caju, o pinhão, pistácio e as passas de uva;
- Sementes, como sementes de abóbora, sésamo, linhaça e girassol;
- Cereais de pequeno-almoço muito fibrosos que não se dissolvem facilmente na boca, farelos e flocos de aveia secos. Podem ser oferecidos se estiverem amolecidos pelo leite.
Que outros cuidados são importantes para evitar engasgamentos e aspirações em crianças pequenas?
- Retirar cuidadosamente as espinhas dos peixes e os ossos das carnes;
- Retirar as sementes das frutas;
- Cortar os alimentos mais rijos, como carnes, vegetais, frutas e queijos, em pedaços pequenos;
- Cuidar para que outras crianças ou adultos não ofereçam alimentos perigosos;
- A criança nãodeve:
- Ficar sozinha enquanto come;
- Comer na cadeirinha do carro;
- Comer enquanto brinca;
- Colocar uma grande quantidade de alimentos na boca;
- Falar com a boca cheia.
O que fazer em caso de engasgamento?
Os engasgamentos podem ser graves. Procure estar informado acerca de como proceder em caso de engasgamentos. Se não conseguir resolver a situação rapidamente com os procedimentos recomendados, ligue imediatamente para o 112.
Informações adicionais:
Como proceder perante o engasgamento de uma criança?